segunda-feira, 20 de abril de 2009

Uma semana de cidadão.

Fazia uns 10 anos fácil, fácil que eu não viajava de avião. E uns outros 10 mais fáceis ainda que eu não ia à São Paulo. Cheguei lá, umas 7 da manhã, aí as meninas e eu pegamos um táxi direto pro hotel. A primeira coisa que senti quando cheguei foi cinza. Nem ruim nem bom, mas cinza. Um sentimento cinza numa cidade cinza. E fria. Porra, saio daqui da média de 30 - 33ºC pra ser recebida com 15ºC??? Foi meio congestionante nos primeiros dois dias, o nariz e a garganta ficaram sequinhos, mas depois fiquei de boa (exceto na hora do banho:D).
Como chegamos no domingo de Páscoa e praticamente de madrugada, não vimos muita gente na rua. Parecia uma cidade fantasma. Ou, com um pouquinho mais de ousadia, parecia que todo mundo (menos os taxistas, amém) tinha saído pra deixar a cidade só pra gente. Acho que essa recepção meio fria e vazia me deu a chance de enxergar exatamente o que eu imaginava da cidade: as ruas clean, uma infra-estrutura do caralho, tunéis, ladeiras, metrô (que merece um post à partê), mato, frio, nenhum outdoor, cinza, beleza, prédios, prédios, casas, prédios e asfalto. Resumindo, um cidadão.
Foi tão bacana, tão não-programado, tão espontâneo, e mega enriquecedor. Eu já tinha esquecido essa sensação que as viagens provocam nas pessoas (pelo menos em mim), de querer tanto, o tempo todo, e essa sede de ir, de ver, conhecer, saber, sentir. Sempre gostei de viajar, mesmo mesmo, mas essa semana lá na Cinzenta reacendeu as lamparinas do meu juízo de turista. Agora é trabalhar pra viajar (dado que trabalho= salário= economizar= comprar passagens em promoção= viajar= viajar [é, porque viajar não é igual a alguma outra coisa]). Como bem disse Guimarães Rosa, não exatamente com essas mesmas palavras que eu vou escrever, mas com a mesma idéia: a gente tem necessidade de aumentar a cabeça, pra poder absorver o total.
Eu ouvi isso lá no Museu da Língua Portuguesa, que meu, é um dos lugares mais incríveis que eu visitei, mais bem pensados e interativos que já fui. Não é só um negócio que tu entra e vê e admira e não entende nada e vai embora. Lá as coisas fazem sentido. Tanto é que foi lá que eu finalmente entendi a minha paranóia de sempre fazer um blog e não escrever, abandonar e blá blá blá. E aí, eu vi que o nome desse blog faz todo o sentido pra mim, porque eu realmente não gosto de corpo alma e coração de ficar escrevendo. Quer dizer, não gostava. Quer dizer, ainda não gosto, mas gosto mais do que não gostava antes.
Bendito Guimarães.

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